27 de abr. de 2009
Fala aí, negrão... uma provocação!
O texto “A produção social da identidade e da diferença” de Tomaz Tadeu da Silva é um dos textos que melhor esclarece a questão da identidade e da diferença. É um texto que tem início, meio e fim, um fim que retoma às colocações iniciais para esclarecer qualquer dúvida que paira no ar.
Sintetizando, o que mais me chamou a atenção é a dependência da definição da identidade e diferença em relação à linguagem e que esta (linguagem), por sua vez, é indeterminada e instável, carrega em si as relações de poder de quem elabora as definições. Essas definições levam em conta um padrão de homem universal, normatizado, artificial. Por conseqüência, o conceito de identidade e diferença também é indeterminado e instável. Não lhe cabe uma definição universal.
Em relação à educação, o autor ressalta a necessidade de ter um currículo que dê oportunidades aos alunos de desenvolverem a capacidade crítica e questionamento dos sistemas e das formas dominantes de representação da identidade e da diferença, que trate a diferença do múltiplo como um processo, uma operação, uma ação, um movimento.
Deixo uma questão que ficou “martelando” na minha cabeça... ao ler o exemplo do uso da palavra “negrão” e a explicação de que esta reforça negatividade atribuída à identidade “negra”, fiquei pensando se o mesmo não acontece com a palavra “deficiente”...
Identidade de identidades
Na educação é muito forte a tendência em buscar esse elemento único que explique a totalidade. Será a crença em uma identidade única?
Por outro lado, encontramos aqueles que reconhecem os grandes desafios e vê neles o aspecto da mudança, da diferença, do conflito, sendo que num sentido dialético algo pode ser e não ser o mesmo, exatamente porque está em mudança.
O texto de Tomaz Tadeu da Silva nos coloca diante dessas questões. A identidade é construída pela pessoa, mas também é atribuída a ela. Quando ouvimos alguém falando, numa palestra, conferência ou debate, é atribuída a ela outras identidades. Mediante um conceito, recebe uma identidade. Nesses casos, a mobilidade da idenidade, é de fato inescapável.
A identidade é inevitavelmente frágil?
26 de abr. de 2009
Escolhas
E ao sermos cobrados, aprendemos a cobrar. E assim a identidade de cada um é construída por tijolos ali depositados pelas mais diversas pessoas, grupos, etc. Alguns tijolos são aceitos, outros rechaçados, alguns posteriormente substituídos e até mesmo destruídos. Trata-se de uma construção sempre “em obra”.
Identidade e Diferença
... “A identidade e a diferença têm que ser ativamente produzidas. Elas não são criaturas do mundo natural ou transcendental, mas do mundo cultural e social. Somos nós que as fabricamos, no contexto de relações culturais e sociais.”
Isto nos atenta para a questão da produção e reprodução de identidades (Poder) e diferenças com aspecto negativo. Enquanto educadores como poderemos transformar uma sociedade que promove desigualdade e desrespeita a diferença? Como lidar com esta situação, como criar estratégias que modifiquem o ciclo vicioso que estamos? Continuaremos aceitando o que nos é imposto no nosso convívio social e construção cultural?!
Segue sugestão de imagem para reflexão...
http://www.youtube.com/watch?v=vKqCJtyLKb0&feature=related
Identidade e Diferença
Ao encontrar este texto adaptado de GIRARDET e ROSADO as ilustrações e o texto me remeteram as discussões feitas até aqui nas nossas aulas.
Tal texto traz para discussão a questão da diferença relacionada à genética, que segundo HALL(2006p.63) não pode ser usada para distinguir um povo do outro. “A raça é uma categoria discursiva e não uma categoria biológica. Isto é, ela é a categoria organizadora daquelas formas de falar, daqueles sistemas de representação e praticas sociais (discursos) que utilizam um conjunto frouxo,... como marcas simbólicas, a fim de diferenciar socialmente um grupo de outro.” HALL (2006p. 63)
A reação dos camelos está relacionada às operações de incluir e excluir denominado por Tomaz Tadeu da Silva como umas das formas da afirmação da identidade e da diferença. Para o autor “A identidade e a diferença se traduzem, assim, em declarações sobre quem pertence e sobre quem não pertence sobre quem esta incluído e quem esta excluído. Afirmar a identidade significa demarcar fronteiras significa fazer distinções entre o que fica dentro e o que fica fora.”(Silva, 2000p.82)
Será que estamos agindo como camelos?
Linguagem e Resistência
Tomaz Tadeu da Silva aborda uma importante discussão acerca da linguagem e como está é atrelada a identidade e a diferença. Segundo este autor, a identidade só pode ser compreendida inserida num processo de produção simbólica e discursiva (pág. 80). Reconhecer-se como membro de certa nacionalidade ou até de uma regionalidade só nos é possível se também nos reconheçamos como sujeitos que se apropiam de características culturais e de apropriação dos signos referentes a um país, a um estado, a uma cidade, a uma aldeia...Pensando nestas considerações me remeti a uma situação: sempre fico bastante incomodada quando tenho contato com pessoas de outras nacionalidades, habitantes do Brasil há anos e que ainda não compreendem o meu idioma. Nunca acreditei muito que essas pessoas não falavam a língua portuguesa por não conseguirem aprender...Agora, tendo contato com esta bibliografia sobre identidade, começo a realizar um novo esquema de interpretação de tal fato e questiono: será que a necessidade de negar uma língua (neste caso a língua portuguesa) em um território que não é o seu de nascença é reforçar as suas "raízes", é uma forma de resistência àquilo que lhe foi imposto (tal como o exílio imposto a Buaman, ou a fuga da guerra ou da miséria...)?
Multiplicidade do ser
Ambas (identidade e diferença) sujeitas a oscilações, a relações, a identificações. Relações de poder , que buscam hierarquizar para tornar normal determinada identidade,"A força homogeinizadora da identidade normal é diretamente proporcional à sua invisibilidade." (p.83). Muito perigoso....
Não sei se consigo acreditar que conseguiremos..."Uma política pedagógica e curricular da identidade e da diferença tem a obrigação de ir além das benevolentes declarações de boa vontade para com a diferença.Ela tem que colocar no seu centro uma teoria que permita não simplesmente reconhecer e celebrar a diferença e a identidade,mas questioná-la" (p.100).
Somos múltiplos, não diversos, somos movimento, não estáticos....talvez isso nos garanta um pouco, nossa Babel...
"Aquilo que sou"... uma ilusão de ótica
Ao passo que assumir uma identidade requer a negação de todas as outras possibilidades, também nossos olhos podem nos enganar ao encontrar apenas uma figura em uma imagem onde outras também se encontram.
Numa ótica ilusória, somos chamados a encontrar uma imagem numa figura distorcida, modificada ou ambígua e, a partir da classificação, organização e eliminação de elementos encontrados chegamos a um resultado.
Dessa forma, esse também é o caminho traçado na construção de uma identidade. Se “sou mulher” então não “sou homem”. Se sou “canhoto” não posso ser “destro” e assim por diante. Nisso possibilidades são negadas e, mais além, são vistas sob uma ótica binária onde se a escolha do “direito” é positiva, significa que o “esquerdo” é negativo, nessa visão limitada de relações de oposição.
Assim, as observações de questões subjetivas sob um prisma objetivo requer que possibilidades diferentes sejam consideradas e utilizadas. Tais possibilidades consistem em conceber objetividade e subjetividade como elementos complementares antes de serem elementos opostos.
E então, o que se vê nessas imagens?
Pedagogia da diferença
Cabe a nós, educadores, a reflexão : o que estamos fazendo para ir além da benevolencia e tolerancia? Que atitudes nos cabem para abrir as portas para a verdadeira pedagogia da diferença? Como agir e educar na multiplicidade?
Sair da mesmidade, estimular o arriscado, o inexplorado, romper as fronteiras, favorecer toda a experimentação que torne dificil o retorno do eu e do nós ao idêntico,(Tomaz Tadeu Silva).
Viver babelicamente....
24 de abr. de 2009
Presença do movimento das diferenças na educação
Mas qual seria a conseqüência dessa constatação para as relações imediatas no cotidiano escolar? Busco a resposta para essa pergunta na interface dos textos de Tomás Tadeu Silva e Sílvio Gallo. Ambos os autores vislumbram um novo paradigma educacional, onde se rompe com o cartesianismo e pergunta-se por uma educação que permita o livre trânsito dos saberes, a cooperação e a construção do conhecimento em rede – sem estabelecer o centro do conhecimento.
Nestes termos, os currículos não podem mais ignorar todo o movimento das diferenças na vida cotidiana – somente faz sentido uma educação que se entrelace com os movimentos da vida. Quando rompemos com a hierarquização do saber e da produção do saber, percebemos que "qualquer espaço social pode ser o lugar do aprendizado, do acesso aos saberes e de sua circulação e partilha, inclusive, o próprio espaço do trabalho" (Gallo).
Voltando-nos para a proposta de uma escola das diferenças, podemos retomar as palavras da professora Mantoan: "na escola inclusiva, entendemos a identidade como sendo móvel e não fixada nos indivíduos", ousando acrescentar: na escola das diferenças, entendemos o conhecimento como sendo móvel e não fixado nos indivíduos ou nos caminhos pré-estabelecidos em matrizes curriculares.
21 de abr. de 2009
O preço da identidade
20 de abr. de 2009
Se identidade e diferença são dois termos indissociáveis, não implica que os dois possuam o mesmo peso em suas relações. Ao contrário, o “eu” (a identidade) é sempre mais valorizado ou mais forte do que o “outro” (a alteridade). A oposição entre os dois, portanto, baseia-se em um necessário desequilíbrio de poder entre os termos que compõe a equação. Só assim um pólo pode determinar a regra, colocando o outro como exceção.
Uma política pedagógica e curricular da identidade e da diferença tem a obrigação de ir além das benevolentes declarações de boa vontade para com a diferença. Ela deveria ser capaz de abrir o campo da identidade para as estratégias que tendem a colocar seu congelamento e a sua estabilidade em xeque; favorecendo toda experimentação que torne difícil o retorno do eu e do nós ao idêntico.
Educar introduzindo a cunha da diferença
Se identidade e diferença são dois termos indissociáveis, não implica que os dois possuam o mesmo peso em suas relações. Ao contrário, o “eu” (a identidade) é sempre mais valorizado ou mais forte do que o “outro” (a alteridade). A oposição entre os dois, portanto, baseia-se em um necessário desequilíbrio de poder entre os termos que compõe a equação. Só assim um pólo pode determinar a regra, colocando o outro como exceção.
Uma política pedagógica e curricular da identidade e da diferença tem a obrigação de ir além das benevolentes declarações de boa vontade para com a diferença. Ela deveria ser capaz de abrir o campo da identidade para as estratégias que tendem a colocar seu congelamento e a sua estabilidade em xeque; favorecendo toda experimentação que torne difícil o retorno do eu e do nós ao idêntico.
Será que nessa possibilidade de abertura para um outro mundo poderemos pensar na pedagogia da diferença?
18 de abr. de 2009
"Nós não somos , nós estamos"
A ausência de uma teoria da identidade e da diferença nas atuais discussões do multiculturarismo faz Silva nos questionar qual as implicações políticas de conceitos como identidade, diferença, diversidade, alteridade, sendo que os mesmos estão numa relação de extrema dependência. Somos nós que fabricamos no contexto das relações culturais e sociais. São resultado de um processo de produção simbólica e discursiva. Questionar a identidade e a diferença como relações de poder significa problematizar os binarismos em torno dos quais elas se organizam, elas têm que ser representadas. Como tal, a representação é um sistema lingüístico e cultural: arbitrário, indeterminado e estreitamente ligados a relações de poder. É aqui que a representação se liga à identidade e a diferença. Quem tem o poder de representar tem o poder de definir e determinar a identidade.
Fazendo um contraponto com Costa, Ronaldo Pamplona em seu livro “Onze sexos”, quando diz que “nós não somos, nós estamos”, ele afirma que a sexualidade não é uma experiência estanque e os seres humanos não podem ser classificados pela forma como vivem. Desta classificação nascem os estereótipos e os preconceitos e as oposições binárias masculino – feminino. A possibilidade de cruzar fronteira e de estar na fronteira, de ter uma identidade ambígua, indefinida é uma demonstração do caráter artificial imposto pelas identidades fixas.
Não é difícil perceber as implicações pedagógicas e curriculares dessas conexões. Cabe aqui uma análise com referência a mídia, livros didáticos e a literatura oferecida em nossas escolas, estão, na verdade inserindo-nos em um sistema que contribui para reforçar ainda mais a produção da identidade como uma questão de perfomatividade.
Entendo que devemos ver a multiculturalidade não como uma técnica pedagógica ou meramente uma metodologia, mas uma opção social, cultural, ética e política a ser assumida pelas equipes docentes, que deverão decidir e concretizar quais aspectos a produção da identidade e da diferença serão atendidos, como agir diante delas, com quais recursos deverão fazê-los explicando-as em seus projetos educativos e curriculares.
16 de abr. de 2009
Os estereótipos atuais
http://www.youtube.com/watch?v=luRmM1J1sfg
http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,susan-boyle-solta-a-voz-27-milhoes-de-acessos-no-youtube,355837,0.htm
12 de abr. de 2009
Como incluir, com o risco de exclusão?
O discurso do Senador Flavio Arns que baseia-se em um modelo de saúde/assistencialista e faz uso de exemplos e atendimentos que podem estar acontecendo de forma inadequada em algumas localidades, para se contrapor a Inclusão Plena das Pessoas com Deficiência na Sociedade.
Claudia Abrolis defende: O MEC SEESP exerce um papel muito importante ao direcionar às suas políticas inclusiva com o art 24 da Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que tem equivalência de Emenda Constitucional e vigora em todo território nacional. Todas as crianças tem o direito de conviver, crescer e estudar com a sua própria geração e seus pares,e que são pessoas com e sem deficiência. Está comprovado que essas crianças se tornam jovens e adultos com mais ou mesmo plena autonomia e necessitando ou não de apoio, pertencem à sociedade, que por suas vez, com a convivência , aprende também a valorizar e legitimar as diferenças. Mesmo que hajam problemas, pois o sucesso da educação inclusiva depende também do apoio da classe política e da sociedade civil, organizada ou não. Mesmo assim, a política pode ser melhorada onde necessário, mas de forma alguma destruída ou desmoralizada, de modo a passar a idéia de que a segregação é o modelo ideal de convivência e de respeito à pessoa com deficiência, em uma conceituação puramente assistencialista e ultrapassada.
Mas penso que em alguns momentos fica muito difícil discutir sobre diversidade, diferença, identidade quando temos políticos, secretários, entre outros que representam o poder público pensando em desmoralizar um trabalho que visa um avanço para todos, inclusive para pessoas com deficiências. Penso que os ótimos resultados só não bastam, precisamos fortalecer tudo que há de discussão e de trabalho que promove o desenvolvimento sem ter como parâmetro um ideal de ser humano - "homem universal" e os que por suas particularidades não cabem nesta busca de igualdade? olha aí a "cilada da igualdade". Como mudar esta ideologia? Como evitar este discurso das diferenças tendo em vista a igualdade, como evitar esta comparação que diminui os diferentes e supervaloriza os iguais e principalmente os poderosos?
Sistema Educacional Nacional
A maior contribuição do texto, na minha opinião, está no esforço do autor para nos mostrar que “a formação de uma cultura nacional contribuiu para criar padrões de alfabetização universais, generalizou uma única língua vernacular como o meio dominante de comunicação em toda a nação, criou uma cultura homogênea e antevê instituições culturais nacionais, como, por exemplo, um sistema educacional nacional”. Como sabemos, as generalizações não funcionam nos dias atuais.
Os sistemas educacionais nacionais atuam a partir de uma identidade nacional, de uma comunidade construída no plano do pensamento. Seria possível ter um sistema educacional nacional que respeitasse a heterogeneidade dos sujeitos e estivesse voltado para o contexto? De que forma a educação contribui para a formação da identidade do indivíduo e como a escola respeita esta identidade individual que, a cada dia, mais se relaciona com os espaços virtuais e mais se aproxima do global?
É necessária uma reforma nos sistemas educacionais nacionais, como as muitas que já fizeram parte da história. Mas uma reforma fluída, centrada no sujeito aprendiz e nas novas relações que se surgiram com a modernidade.
Cédula de identidade
Muitos outros elementos compõem nossa identidade. Elementos que vem e vão ao longo de nossa caminhada. Entre esses se encontra o(s) aspecto(s) cultural(ais), “aqueles aspectos que surgem de nosso ‘pertencimento’ a cultura étnicas, raciais, lingüísticas, religiosas e, acima de tudo, nacionais”. E por essa identidade cultural lutamos, vamos à guerra, por ela morremos. Ela garante e justifica a nossa organização social. E talvez por isso haja tanto fervor para que se reconheça os signos de uma nação, para que se aprenda o hino nacional, para que se respeite sua bandeira.
E quando essa identidade cultural entra em crise, entra em crise a maneira como nos organizamos enquanto sociedade. Crises implicam mudanças, novos caminhos, e para caminhos novos não há mapas. Mas talvez ainda possamos contar com as bússolas....
Sujeitos que somos
Pertencer, ser... a cada nova afirmação um acréscimo ou reformulação do que, de quem somos... Somos quem somos dependendo de onde estamos,com quem e porque estamos... Somos muitos em um só: mulher, mãe, profissional, esposa, política,... Só nunca tinha parado para pensar assim.
E a escola? Ainda vendo os mesmos alunos, com uma única identidade criada e valorizada por eles ( professores de identidades, valores, crenças, preconceitos e conceitos...).Deslocar-se, reestrururar-se a cada momento, a cada tempo em cada espaço.
Sim,escolas! Sim! Novos sujeitos,novas mensagens,novos modelos...os tempos e os espaços são outros e exigem esse movimento!
Será que está ocorrendo uma Crise com a Identidade Cultural?
11 de abr. de 2009
A insustentável fixação da identidade no encontro com o outro
Mesmo nos momentos em que não se apresenta com clareza, o sujeito sempre deve sua existência ao OUTRO. Ao nascer, o sujeito moderno proclamava sua individualidade baseado em sua capacidade de raciocinar e pensar. Parecia à primeira vista alguém independente, auto-existente, mas ao olhar para a afirmação de que nossa definição somente existe em relação daquilo que não nos define, daquilo que não somos, encontramos inevitavelmente o OUTRO de quem diferimos.
Mais tarde, encontramos com o sujeito da sociologia formado subjetivamente em sua relação com os OUTROS, internalizando o mundo social forjado no interior dessas relações.
Temos ainda o sujeito apresentado pelos pensadores psicanalistas, e mais uma vez encontramos o OUTRO, agora representado pelas relações paternas e maternas deste sujeito na sua infância e que serão responsáveis pelo seu desenvolvimento.
Por mais que a identidade busque um lugar de distanciamento e diferenciação do OUTRO, ele sempre está presente e influenciando a formação e caracterização da identidade.
Se estamos sempre encontrando com os OUTROS, nossa identidade está sempre em movimento, impulsionando-nos para novos encontros que buscam a completude de nosso ser que a cada novo encontro vai sendo formado. Assim, nossa identidade nasce e cresce na relação com o outro, mas se encontramos com muitos OUTROS, nossa identidade não pode ser fixada, definida, acabada, pois ela sempre será perturbada pela diferença do OUTRO com quem encontramos.
Fixar as identidades em educação parece um desejo, um esforço, mesmo que inconsciente, de não encontrar com o OUTRO, pois esse OUTRO parece perturbar a ordem das coisas. Porém esse encontro é inevitável e precisa ser visto como desejável e necessário para o crescimento de TODOS.
Na minha época não era assim....
O sujeito está em constante transformação...Aquilo que antes era usual, "normal", não pode ser mais hoje. Trabalhando como docente da Educação Básica, sempre fico incomodada com uma das funções que me é atribuida: passar valores para os jovens. O que é isso? Quais valores? O que são valores? Por que meus "valores" são tão bons a ponto de eu ter que passar, impor ao outro ? Será que esse outro deseja ter o meu "valor"? O meu "valor" de agora não é o mesmo do meu aluno de agora...São consciências diferentes, de épocas temporais também diferentes...Recebi os "valores" básicos há mais de 25 anos atrás, por pais, irmãos e professores que "receberam valores" há muito mais tempo que eu...Como podemos pensar em "passar valores" hoje nessa sociedade desforme, líquida (BAUMAN)? Como podemos definir valores se estes são temporários, mutantes, se todos somos sujeitos em transformação (não em formação), sem identidade fixa, essencial ou permanente (HALL, 12,2006) ? Temos que problematizar com atenção e seriedade mais esta "função" da escola: Por que "passar valores"? E quem define os valores que devem ser "passados"?
Os três sujeitos
Já Derrida nos lembra que “... eu sou isso ou aquilo. Não, eu sou isto e aquilo; e sou antes isto que aquilo, de acordo com as situações e as urgências. (2004: 35)”
Pergunto então, como a escola pode acolher sujeitos de identidades móvéis com um currículo baseado em teorias sólida?
Em tempos de identidades móveis qual o nosso papel enquanto EDUCADORES?
Não será a escola um espaço de proteção, não seria uma comunidade?
Como pode nos retratar a estória sobre as diferenças de um autor desconhecido.
Diferenças
“Conta-se que vários bichos decidiram fundar uma escola. Para isso, reuniram-se e começaram a escolher as disciplinas. O Pássaro insistiu para que houvesse aulas de vôo. O Esquilo achou que a subida perpendicular em árvores era fundamental. E o Coelho queria de qualquer jeito que a corrida fosse incluída.E assim foi feito. Incluíram tudo, mas cometeram um grande erro. Insistiram para que todos os bichos praticassem todos os cursos oferecidos. O Coelho foi magnífico na corrida, ninguém corria como ele. Mas queriam ensiná-lo a voar. Colocaram-no numa árvore e disseram: "Voa, Coelho".Ele saltou lá de cima e "pluft"... coitadinho! Quebrou as pernas. O Coelho não aprendeu a voar e acabou sem poder correr também. O Pássaro voava como nenhum outro, mas o obrigaram a cavar buracos como uma toupeira. Quebrou o bico e as asas e, depois, já não conseguia voar tão bem e nem mais cavar buracos. “
Identidades e perturbações num espaço de trânsito
(Zygmunt Bauman)
A percepção de nós mesmos como sujeitos integrados foi abalada nos tempos da modernidade tardia. Caracterizadas pela diferença, as sociedades da modernidade tardia sofreram, segundo Stuart Hall, pelo menos, cinco descentramentos. 1.Do resgate de Marx por Althusser, veio a rejeição da noção abstrata do homem universal. 2. De Freud, herdamos a incômoda percepção do nosso inconsciente. 3. De Saussure, impôs-se o questionamento de que não seríamos "os autores" das afirmações que fazemos. 4. De Foucault, irrompeu-se a força do poder disciplinar na genealogia do sujeito moderno. 5. Do feminismo (bem como dos novos movimentos sociais), colocou-se a tomada de decisão pelo descentramento do sujeito cartesiano e a defesa da política de identidade – uma identidade para cada movimento.
Bauman e Hall nos inquietam? Qual a contribuição de suas percepções do sujeito, da identidade e da diferença para nossa atuação como educadores? O que significa rompermos com a idéia de uma identidade fixa e estável? Talvez uma pista seja não perdermos de vista, tal qual já fazia Paulo Freire, que "o ser humano também é inacabado e, justamente por isso, o ato de ensinar/aprender deve ser permanente".
Entendo que um dos sentidos da escola é o ser espaço de trânsito que acolhe identidades abertas, contraditórias, inacabadas, fragmentadas, etc. Na escola, as identidades flutuam no ar...apesar das lutas pela fixação de um sujeito unificado.
7 de abr. de 2009
Ou isto ou aquilo
Lembranças...
O primeiro é uma crônica do Veríssimo. O outro, uma poesia da Cecília Meirelles.
Apreciem!
Abraços a todos!!!
Nesta altura da vida já não sei mais quem sou…
5 de abr. de 2009
Nas ciladas das diferenças como escapar das armadilhas?
Ciranda da Bailarina
Chico Buarque
Composição: Edu Lobo / Chico Buarque
Procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira
Berruga nem frieira
Nem falta de maneira
Ela não tem
Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida
Ela não tem
Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatina
Ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
Medo de subir, gente
Medo de cair, gente
Medo de vertigem
Quem não tem
Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo tem um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem
O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem, todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem
Sala sem mobília
Goteira na vasilha
Problema na família
Quem não tem
Procurando bem
Todo mundo tem...
Pensei nessa música ao ler o texto, pois pensei na busca pela perfeição utópica. Quem é o perfeito? Quem é o diferente?
A diferença, o ser diferente é próprio do ser humano...hoje não sou o que era ontem, nem o que serei amanhã. Não temos uma identidade fixa, ao longo de nossas vidas mudamos pensamentos, atitudes, gestos, etc, mudamos também fisicamente. Somo diferentes dentro de nós mesmos....?
Pensando assim, fico a me questionar...como então pensar na igualdade de diferentes, colocamos todos e tudo na mesma “caixa”, na mesma “forma”, na mesma “perfeição”?
Mas como não possibilitar a igualdade a todos?
“Temos o direito de sermos iguais sempre que as diferenças nos inferiorizem; temos o direito de sermos diferentes sempre que a igualdade nos descaracterize". (Boaventura de Souza Santos)
Um conceito complexo...nas ciladas das diferenças como escapar dessas armadilhas?
O Bem Comum
Ciladas da Diferença
A aparência antagônica entre igualdade e diferença pode ser compreendida dentro de sua complexidade na fala de Santos (1995): "É preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferença nos inferioriza".
Ao se apontar as diferenças, vemos que estas surgem relacionadas a uma identidade e que são interdependentes e inseparáveis. Silva (2006) demonstra que a identidade e a diferença “tem que ser ativamente produzidas” (p.76). Ainda segundo o autor, esses termos podem ser definidos de forma simplificada como sendo a identidade aquilo que se é, e diferença, aquilo que o outro é. Se completarmos a idéia com o fato de esta relação binária estar sempre marcada pelo poder, institui-se uma referência e a tomamos como normal, deixando a diferença dessa relação do outro lado. O autor afirma ainda que “a normalização é um dos processos mais sutis pelos quais o poder se manifesta no campo da identidade e da diferença”. (p.83) e que a marcação da diferença, dentro dessa relação de poder, implica nas operações de incluir e de excluir, de declarar quem pertence e quem não pertence. “Assim, a rejeição da diferença vem depois da afirmação da diferença”.
A diferença foi trazida para perto, para dentro da sala de aula, mas são reforçadas e rejeitadas com muitas práticas estabelecidas, práticas que negam as possibilidades de aprender, que demonstram que os professores ainda acreditam que estes diferentes não possam, nem devam estar ali. Eis estão uma CILADA DA DIFERENÇA
As ciladas não seriam inerentes ao jogo dicotômico?
Walter Mignolo, sociólogo que trabalha na linha pós-colonialista, nos indica uma possibilidade de rompimento bem interessante: "pensar a partir de conceitos dicotômicos ao invés de organizar o mundo em dicotomias" (MIGNOLO, Histórias locais, projetos globais:126).
Penso que, neste curso, fazemos um pouco disto, do estar ou sentir-se entre, buscamos romper com as relações subalternas dentro da escola, defendendo o direito de ser de todas as pessoas. Marisa Monte também trabalha este paradoxo e denuncia as ciladas da diferença, cantando o lugar onde toda gente cabe lá. Visitem o Vilarejo e vejam http://www.youtube.com/watch?v=u8M8lBTXxik– toda gente cabe lá?!
O incômodo medo dos diferentes!
Rei de Copas
Primeiramente, a forma como se deu a escolha do soldado que iria desarmar a bomba...uma pessoa diferente, sensível, mas muito despreparado para as malícias de uma guerra e sem oportunidade de opinar se queria ir ou não. A sensação da cidade vazia - calma, tranquila, de repente o medo, a fuga, o local onde se refugiou... um manicômio, as visões que o filme trás: animais presos e indivíduos presos. A falta de confiança em quem fica neste local (manicômio) como se fossem casos perdidos, sem recuperação, seres merecedores de descrédito e de aversão dos demais que fogem e largam o portão aberto. A saída de todos, alegria, felicidade, o quanto a sensação de liberdade é leve, agradável...O interessante é ver para onde cada um se dirige: igreja, cabaré, salão de beleza, comportamentos diferenciados, fora do padrão esperado pela sociedade (prostituição, homossexualismo, seres aparentemente fracos).
Em alguns momentos as pessoas parecem muito distintas da sociedade, mas que depende do local onde se encontram mudam seu comportamento, por exemplo: prostitutas no coral da igreja, pareciam senhoras angelicais. Nos faz refletir o quanto somos capazes de viver papéis diferentes que agradam o espaço e o tempo que nos cerca.
A coroação de um Rei, a união e o cuidado com ele quando precisou, mas ao mesmo tempo o abandono dele quando resolve sair daquele mundo. Como fica clara a relação de poder, se é Rei e aceita o espaço delimitado, mas se pensa diferente, busca caminhos diferentes, pode ser destronado em fração de segundos. Isto mostra a nossa fragilidade e os riscos que corremos quando ousamos. O filme trás momentos de relação de pura ingenuidade, paz e momentos de exclusão de quem se mostra incompetente (fuzilamento do General que falhou).
Quando no seu momento de calma e diálogo, o soldado consegue descobrir que seu próprio corpo é a chave para desarmar a bomba, nos leva a uma reflexão muito séria, que é como podemos salvar ou detonar uma explosão... Será que na situação atual, no dia a dia, na nossa posição social, somos quem salva ou detona bombas? Como podemos conviver com tantas diferenças sem sermos quem promove o extermínio dos considerados fracos ou incapazes de viver neste mundo? A relação que faço do filme com nossas discussões, leituras e imagens é que estamos constantemente bombardedos por informações e o que deixamos que elas façam conosco, o que fazemos com elas em relação aos outros tem muito do que acreditamos como normal ou "anormal". O quê e como fazemos é o diferencial se estamos do lado dos fragilizados ou dos mais fortes! Ou se em muitos momentos não estamos de lado nenhum, ou seja nos omitimos do que vemos e sabemos!
O outro e a igualdade
Eu e minha familia estávamos tomando café com a tv ligada, quando passou uma reportagem sobre um garoto que levou uma arma na escola. A reportagem contava que a arma era do pai do aluno e como os amigos não acreditavam que o pai tinha uma arma, ele levou para provar que era verdade. Então começou um grande dilema na escola : alguns pais queriam que o aluno fosse expulso. Porém, a escola optou em não expulsar o aluno e fazer palestras e debates sobre a violencia. Quando a reportagem acabou meu filho prontamente fez o seguinte comentário: ''tinha que ter expulsado ele ..''. Quando falei que o aluno poderia levar a arma na outra escola e o problema não teria sido resolvido, ele respondeu:'' Mais daí o problema não é mais dessa escola..."
Isso me fez refeletir ainda mais sobre os textos que estamos estudando. Sempre resolvemos nossos problemas passando-os para o Outro, o outro como fonte de todo mal e ao mesmo tempo, o outro tão necessário para solucionar os nossos problemas. Como podemos falar de igualdade se precisamos tanto de outro diferente para jogar nossas culpas, nossos erros, nossas omissões....
4 de abr. de 2009
Iguais ou diferentes?
Nos agrupamos em pares de “iguais” diferenças e dessa forma nos organizamos e regulamos nossa vida na Terra. De outra forma como proceder? Como nos organizamos levando-se em consideração a diferença de um?
Na busca pela igualdade freqüentemente nos deparamos com a busca pelo tratamento igualitário. Mas queremos ser tratados iguais a quem? Talvez àqueles que enxergamos como tendo os maiores “benefícios”. Buscamos a mesmas benesses; benesses justificadas pela diferença...
Mafalda fala sobre a diferença!
A igualdade na diferença
Materialmente falando, igualdade pode significar que todas as pessoas dispõem dos mesmos recursos.
No aspecto jurídico ou civil, igualdade significa que a lei é a mesma para todos. A igualdade política, pode significar que todos os cidadãos tem o mesmo acesso a todos os cargos políticos.
O texto "Ciladas da diferença" de Antônio Flávio Pierucci, me instigou a ficar mais próximo à referência de igualdade, visto que é baseado nos conceitos de direita e de esquerda, sobretudo em relação às suas crenças.
A base dos nossos pensamentos e ações em relação à igualdade, não deve buscar apenas um valor de verdade que exija uma ação política para reestabelecer os direitos dos negros, mulheres, homossexuais..., pois, se isso acontecer, poderemos estar considerando o indivíduo somente como um produto do poder, à medida em que vamos agrupando, definindo, hierarquizando. Não é bom cairmos nesse laço que nos une. Melhor é multiplicar, deslocar, desindividualizar.
É importante dar vazão às atitudes que de alguma forma busque a fixação na totalidade, sobretudo, quando essas atitudes selecionam grupos específicos. Penso que precisamos fazer nossas ações crescerem, proliferarem, e, assim, libertar-nos da lei, do limite, da castração, essas coisas que ainda estão incutidas em nós.
Embora seja muito complicado, porque estamos muito presos a algumas crenças, como as da direita ou da esquerda, por exemplo, é preciso buscar o múltiplo, a diferença, o fluxo, porque assim, nos desinstalamos, nos tornamos muito mais nômades do que sedentários.
Lembrei-me de Foucault quando diz que o poder é dispersado por toda a sociedade, ele não é possuído por ninguém.
Tudo o que envolve a igualdade e a diferença, só tem sentido com um sujeito consciente de si mesmo e dos outros.
1 de abr. de 2009
Quem os elefantes acorrentados?
O ELEFANTE ACORRENTADO
Prof. Damásio de Jesus
Você já observou elefante no circo?
Durante o espetáculo, o enorme animal faz
demonstrações de força descomunais.
Mas, antes de entrar em cena,
Permanece preso, quieto, contido somente
Por uma corrente que aprisiona uma de suas patas
a uma pequena estaca cravada no solo.
A estaca é só um pequeno pedaço de madeira.
E, ainda que a corrente fosse grossa,
Parece óbvio que ele, capaz de
Derrubar uma árvore com sua
própria força, poderia, com
Facilidade, arrancá-la do solo e fugir.
Que mistério!!!