8 de jun. de 2009

Saberes e olhares pedagógicos....


"Não basta abrir a janela
para ver os campos e o rio.
Não é o bastante não ser cego
para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela."
ALBERTO CAEIRO


Júlia Varela, em Estatuto do Saber Pedagógico, nos diz que para avançar na educação, “é necessário romper o circulo vicioso criado pela disciplinarização dos saberes e pela disciplinarização dos sujeitos...” e para tanto nos apresenta algumas propostas que servem de reflexão, de questionamento, de discussão e não de receitas prontas. Uma sugestão seria “compreender a lógica interna de funcionamento destas instituições e (...) funções implícitas que cumprem, se formos capazes de adotar, pelo menos em parte, o ponto de vista dos que fracassam, daqueles que são rejeitados por ela.” (VARELA, 2008, p. 94-95)
Esse parágrafo me chamou muito a atenção, pois realmente nos mostra como é difícil a relação Teoria X Prática...fico a pensar nos alunos com que trabalho e fazem parte dos que estão na chamada “inclusão”, mas me questiono...Realmente conseguimos fazer isso?

As instituições falam em “inclusão” mas realmente fazemos isso?

Será que conseguimos nos despir do olhar do sucesso, do exemplo de perfeição e olhar do ponto de vista dos que fracassam?

E será que fracassam mesmo?

Muitas vezes vejo que para alguns os avanços dessas crianças são considerados tão insignificantes, mas considero algumas atitudes, comportamentos, habilidades, pensamentos tão significantes...será que o fato de me ver envolvida e feliz com essa aquisição de alguns alunos me mostra ingênua? Será que isso é olhar com outros olhos?

Para pensar...

Para pensar...
A frase dos dois quadros é: "Que notas são estas?"

Novas metáforas para educação


Eu sempre amei caleidoscópios e tenho alguns deles. Toda vez que me deparo com um momento de pouca ou nenhuma criatividade, pego um caleidoscópio e brinco com ele. Começo a girá-lo para um lado e para o outro. Observo a metamorfose das imagens. Com cada giro, eu crio algo novo com o que já estava lá. É uma grande ferramenta para ensinar a pensar criativamente.
(Elen de Oliveira)



Julia Varela nos inspira a seguir procurando por um novo paradigma educacional com novas categorias epistemológicas que rompam com os reducionismos do ato de conhecer. Entendo que, categorias como complexidade, diferença, dúvida, incerteza e interdependência ampliarão o olhar e a sensibilidade humana diante da realidade – tal qual um caleidoscópio. Trata-se de uma visão sistêmica da realidade que considera as redes de relações existentes e sua complexidade, onde é possível enxergar o todo na pequena parte e a pequena parte no todo.

Pensar criativamente ajuda a por em questão os esquemas classificatórios e dicotômicos próprios da pedagogização do conhecimento. Trata-se da possível metamorfose das imagens mentais que nos formaram, rumo à inter-relação entre os saberes diferentemente sábios até então desperdiçados (nas palavras de Boaventura Souza Santos) pela humanidade. Estamos dispostos, como educadores, a pensar caleidoscopicamente na escola?