4 de abr. de 2009

Iguais ou diferentes?

Queremos ser diferentes, a diferença nos torna únicos; queremos ser iguais, a igualdade nos torna parte de algo. E o que nos iguala? A bem/mal dita diferença.

Nos agrupamos em pares de “iguais” diferenças e dessa forma nos organizamos e regulamos nossa vida na Terra. De outra forma como proceder? Como nos organizamos levando-se em consideração a diferença de um?

Na busca pela igualdade freqüentemente nos deparamos com a busca pelo tratamento igualitário. Mas queremos ser tratados iguais a quem? Talvez àqueles que enxergamos como tendo os maiores “benefícios”. Buscamos a mesmas benesses; benesses justificadas pela diferença...
Pertencimento....unicidade....e assim seguimos nessa aparente ambígua busca pela diferença e igualdade, simultaneamente.

Mafalda fala sobre a diferença!



MAFALDA
" Lo importante es ser uno mismo"
"Por que o medo? Talvez no fundo os diferencialistas de esquerda saibam, ou ao menos pressintam, que não se enfoca a diferença impunemente. Usada como arma ideológica ou como divisa, é feito feitiço que se pode virar contar o feiticeiro. Quando menos se espera, a diferença a diferença joga do outro lado. Faz gol contra"
Jacot nosso Mestre ignorante pode nos ajudar a pensar como lidar com essas ciladas quando diz que é preciso fazer uma sociedade desigual com homens iguais, ou uma sociedade igual com homens desiguais. Quem só tem um pouco de gosto pela igualdade não deveria hesitar: os individuos são seres reais e a sociedade uma ficção.
"Bastaria aprender a ser homens iguais em uma sociedade desigual. Esta coisa tão simples , no entanto, a mais difícil de comprender".
Entendo que isto se aplica a questão central da igualdade e da diferença, haja vista que as nossas identidades e diferenças são produzidas socialmente e estão a serviço daqueles que se colocam como aqueles que toleram as diferenças. No entanto as ironias da diferença podem nos interpelar e mostrar não a identidade fixada, mas a multiplicidade dentro da diferença.
Como nos lembra Mafalda: " Lo importante es ser uno mismo"!!!

A igualdade na diferença

Considerando o enfoque biológico, a palavra igualdade é desprovida de sentido, simplesmente porque, por natureza não somos idênticos uns aos outros.
Materialmente falando, igualdade pode significar que todas as pessoas dispõem dos mesmos recursos.
No aspecto jurídico ou civil, igualdade significa que a lei é a mesma para todos. A igualdade política, pode significar que todos os cidadãos tem o mesmo acesso a todos os cargos políticos.
O texto "Ciladas da diferença" de Antônio Flávio Pierucci, me instigou a ficar mais próximo à referência de igualdade, visto que é baseado nos conceitos de direita e de esquerda, sobretudo em relação às suas crenças.
A base dos nossos pensamentos e ações em relação à igualdade, não deve buscar apenas um valor de verdade que exija uma ação política para reestabelecer os direitos dos negros, mulheres, homossexuais..., pois, se isso acontecer, poderemos estar considerando o indivíduo somente como um produto do poder, à medida em que vamos agrupando, definindo, hierarquizando. Não é bom cairmos nesse laço que nos une. Melhor é multiplicar, deslocar, desindividualizar.
É importante dar vazão às atitudes que de alguma forma busque a fixação na totalidade, sobretudo, quando essas atitudes selecionam grupos específicos. Penso que precisamos fazer nossas ações crescerem, proliferarem, e, assim, libertar-nos da lei, do limite, da castração, essas coisas que ainda estão incutidas em nós.
Embora seja muito complicado, porque estamos muito presos a algumas crenças, como as da direita ou da esquerda, por exemplo, é preciso buscar o múltiplo, a diferença, o fluxo, porque assim, nos desinstalamos, nos tornamos muito mais nômades do que sedentários.
Lembrei-me de Foucault quando diz que o poder é dispersado por toda a sociedade, ele não é possuído por ninguém.
Tudo o que envolve a igualdade e a diferença, só tem sentido com um sujeito consciente de si mesmo e dos outros.