5 de jul. de 2009

Driblando o velho


Fina Birulés, Zygmunt Bauman, Stuart Hall, Jorge Larossa, Carlos Skliar, Tomaz Tadeu da Silva... Ousados, inovadores e intelectualmente autônomos. Adriana, Elizabete, Loide, Lilica, Rosa, Eliane e tantos outros com os quais compartilho essa disciplina. Instigados a mergulhar no mar de ideias registradas pelos primeiros aqui citados, em um circuito que não submete, que não coloca os últimos atrás dos primeiros (há lugar?), que não camufla e que não deseja obscurecer as diferenças.
Mergulha-se no registro do outro para que se compartilhe pensamentos, questione o que está posto e reconstrua-se o que está dito, afirmado e cristalizado. Leituras que alimentam o pensamento e fazem com que não temamos desconstruir o profundo, a raiz, o que sustenta. Até mesmo aquilo que acabamos de ler.
O desejo é não ter âncora, “porto seguro” e certeza. A alegria e o desejo estão na incerteza, no imprevisível, na diferença. No real e não mais na ilusão que sustenta a falta de coragem para agir com seres reais.
Questiono então: O que é ensinar? O que é aprender? Essas perguntas têm perturbado o meu pensamento.
Por que a Educação tem tomado para si a responsabilidade de sustentar um mecanismo criador e impositor de barreiras que impedem o outro de se encontrar consigo mesmo? Por que há esse impedimento? Por que se defende o encontro com aquilo que acreditamos, defendemos, nossas verdades, nosso conhecimento embrutecendo e fazendo com que estudantes/outros passem anos de suas vidas em instituições que trabalham conteúdos, conceitos que possuem fins em si mesmos?
A escola não celebra aquilo de mais precioso que temos: a mobilidade intelectual, a diferenciação da diferença, o percurso dos outros entre as identidades e até mesmo a sua permanência, por desejo próprio e não mais por determinação do outro que domina.
A escola não deseja a autonomia do pensamento. Ao contrário disso, ela se auto-atribui a função de libertar os seres da ignorância afirmada por ela mesma e cede “emancipação” aos que a ela clamarem e se subordinarem.
Que outro somos? O que domina? O que é dominado? Ou o que domina ao mesmo tempo em que é dominado? Que lógica ilusória de poder é essa na qual permitimos envolver a Educação, a construção do conhecimento?
Na medida em que submetemos somos também submetidos. Ao barrarmos a fluidez do pensamento do outro, seguramo-nos também nós no cristalizado conhecimento desatualizado. Ao fixarmos a identidade do outro, temos também nós a identidade de fixadores sedimentada.
O desejo do novo faz de nós também novos e quando novos, dos novos; a burocratização, a sistematização, a hierarquização se tornam pequenas e fáceis de serem dribladas pelo surpreendente, inédito e inesperado.