25 de mai. de 2009

A casa é o túmulo dos vivos

Seria possível viver em sociedade da forma como o texto sugere? “Ter uma terra e um mundo de ninguém, sem apropriações e sem limites (...) deixar-se compassar e embalar em um tempo de ida e volta, um tempo elástico que recusa ser medido e contabilizado”. Para Foucault, as regras são inerentes à sociedade. A questão que ele coloca é quem faz as regras (detentores do poder) e para quem elas são feitas (perfil do homem universal). Eu não vejo a possibilidade de um mundo como o autor projeta que não seja um processo anárquico e de grandes riscos, pois ele leva a certo niilismo, em especial quando nos lembra de nossa insignificância no universo. Se esta fosse melhor compreendida, ninguém teria a pretensão de clarificar, ordenar, agrupar, categorizar o Outro ou a si mesmo. Em especial por esta humanidade ser constituída processualmente.

Em relação à educação, acho que a problemática está na forma como ela se constitui enquanto conteudista , classificatória e discriminatória, deixando de se constituir enquanto uma possibilidade de propiciar a autonomia dos alunos, possibilitando que pensem por si de tal forma que possam questionar , criar e recriar as regras que possibilitam a convivência social.


Ao finalizar o texto lembrei-me a frase “a casa é o túmulo dos vivos”, dita pelos tuaregues que vivem no deserto. Ela nos traz um paradoxo entre a cultura oriental e a ocidental de um conceito que temos impregnado socialmente na cultura ocidental. Não existe certo e errado. Existem mundos distintos vivendo num mesmo tempo e qualquer classificação é uma visão limitada da realidade.

Rótulos

O ser humano não vive apenas, ele tem necessidade de dar sentido a sua vida. O presente por si só não basta, é necessário que ele pertença a um “plano” maior. E para dar sentido à vida e aos elementos que a compõem, inclusive àquele que a está vivendo, dá-se nomes, significados, a tudo e a todos. Tudo é hierarquizado, classificado, identificado...rotulado.

Rótulos para si mesmo e para os outros. Rótulos que limitam e delimitam. Rótulos que cegam.

Conseguiremos um dia ser apenas? Precisaremos sempre do outro rotulado e validando nosso próprios rótulos? Como viver sem rótulos?