22 de jun. de 2009

Percorrendo novos caminhos...com novos olhares


Segundo Larrosa, "(...) mediação pedagógica das "histórias de vida" ou "narrativas pessoais" na educação de adultos. Trata-se ai de duas coisas: em primeiro lugar, de relacionar a aprendizagem com a própria experiência do aluno, em segundo lugar, de estimular algum tipo de reflexão crítica que modifique a imagem que os participantes tem de si mesmos e de suas relações com o mundo, o que no vocabulário da educação de adultos se chama de "tomada de consciência"." (2008, p.47)


Esse trecho me fez refletir muito sobre a chamada "tomada de consciência": o que somos, quem somos, para onde caminhamos...? Diga-se de passagem tanto profissional como pessoalmente...


A todo momento, a cada "nova" experiência, a cada "novo" contato com o (s) outro (s), temos ou ao menos, deveriamos ter uma "tomada de consciência".


Pensando então no professorado, onde "o que se pretende é que os participantes problematizem, explicitem e, eventualmente modifiquem a forma pela qual construiram sua identidade pessoal em relação a seu trabalho profissional (...) examinar e reexaminar, regular e modificar constantemente tanto sua própria atividade prática quanto, sobretudo, a si mesmo (...)." (2008, p. 49)...fiquei me questionando sobre nossa realidade prática....


Observo na prática educacional profissionais que problematizam, explicitam, mas eventualmente modificam seu trabalho.


Será a prática que o absorve tanto e não o permite relacionar, tecer reflexões com a teoria, consigo mesmo para essa "tomada de cosnciência"? Que medo é esse de percorrer novos caminhos?? Com "novos" olhares?






O texto de Larrosa, Tecnologias do Eu e Educação me fez refletir sobre o papel da escola e o desempenhado por nós professores no que se refere a formação dos alunos. Encarar a educação como meio de transformação e não aquela que está posta para formalizar o outro sobre um determinado ponto de vista é algo muito difícil ainda para meu entendimento. Larrosa me abre um profundo questionamento sobre os mecanismos de que a educação se vale para institucionalizar de certa forma experiências aos alunos que, embora sob nosso ponto de vista pareça o “melhor”, uma vez que somos sempre imbuídos de boas causas, acabamos construindo mecanismos de produção de experiências de si. Pensar a educação como produtora de pessoas, aquela que formata, determina e aloca os sujeitos num determinado “eu institucionalizado” é provocador de um sentimento de incapacidade do sistemas de pensar de um outro modo como diz Larrosa. Talvez seja isto que estamos tentando fazer. Pensar a educação de um outro modo, desfazendo o cenário em que práticas educativas não sejam mediadoras do processo de formatação de si.
A questão que me fica é como inverter essa ordem de que a educação aí está para construir, se assim podemos dizer, as experiências de si de cada sujeito. Somos então sujeitos ou sujeitados?

Caminhada


Logo no início do texto, Jorge Larrosa diz :''A dimensão mais geral da educação que este trabalho pretende reconsiderar tem a ver com a antropologia da educação. isto é, com teorias e práticas pedagógicas enquanto produtoras de pessoas.'' PRODUTORAS DE PESSOAS, esse termo me fez refletir o quanto é grande nossa responsabilidade em sala de aula. Nenhum termo utilizado para definir o papel do professor pode abranger tamanha responsabilidade. Nossa prática pedagógica é produtora de pessoas. Que poder temos para isso? Nenhum. O que nos cabe apenas é assumir tal responsabilidade com o comprimisso de buscar práticas pedagógicas orientadas para a construção e a transformação da subjetividade, práticas que levem a experiência de si, começando por nós mesmos. Não é fácil, o caminho é longo, as dúvidas são muitas e as reflexões constantes, porém, acredito que estamos no caminho, a caminhada é longa, mais já demos o primeiro passo.

Larrosa nos deixa uma indicação para continuarmos nossa caminhada:"... pensar sobre educação implica construir uma determinada auto consciência pessoal e profissional que sirva de príncipio para a prática de critério para crítica e a transformação da prática, e de base para a auto-identificação do professor."