24 de abr. de 2009

Presença do movimento das diferenças na educação


Tomás Tadeu indica que identidade e diferença são mutuamente determinadas, culturalmente construídas no constante processo de produção simbólica e discursiva - processo este envolto em relações de poder. Sílvio Gallo, por sua vez, reconhece essas mesmas relações de poder no estabelecimento da disciplinaridade da educação, onde a fragmentação possibilitou o controle sobre o aprendizado – o controle do "quê, quando, quanto e como o aluno aprende", bem como a garantia dos limites do território de uma ciência.

Mas qual seria a conseqüência dessa constatação para as relações imediatas no cotidiano escolar? Busco a resposta para essa pergunta na interface dos textos de Tomás Tadeu Silva e Sílvio Gallo. Ambos os autores vislumbram um novo paradigma educacional, onde se rompe com o cartesianismo e pergunta-se por uma educação que permita o livre trânsito dos saberes, a cooperação e a construção do conhecimento em rede – sem estabelecer o centro do conhecimento.

Nestes termos, os currículos não podem mais ignorar todo o movimento das diferenças na vida cotidiana – somente faz sentido uma educação que se entrelace com os movimentos da vida. Quando rompemos com a hierarquização do saber e da produção do saber, percebemos que "qualquer espaço social pode ser o lugar do aprendizado, do acesso aos saberes e de sua circulação e partilha, inclusive, o próprio espaço do trabalho" (Gallo).

Voltando-nos para a proposta de uma escola das diferenças, podemos retomar as palavras da professora Mantoan: "na escola inclusiva, entendemos a identidade como sendo móvel e não fixada nos indivíduos", ousando acrescentar: na escola das diferenças, entendemos o conhecimento como sendo móvel e não fixado nos indivíduos ou nos caminhos pré-estabelecidos em matrizes curriculares.