12 de abr. de 2009

Como incluir, com o risco de exclusão?

Quando li este e-mail fiquei muito apreensiva e estou repassando para nossa reflexão...
O discurso do Senador Flavio Arns que baseia-se em um modelo de saúde/assistencialista e faz uso de exemplos e atendimentos que podem estar acontecendo de forma inadequada em algumas localidades, para se contrapor a Inclusão Plena das Pessoas com Deficiência na Sociedade.
Claudia Abrolis defende: O MEC SEESP exerce um papel muito importante ao direcionar às suas políticas inclusiva com o art 24 da Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que tem equivalência de Emenda Constitucional e vigora em todo território nacional. Todas as crianças tem o direito de conviver, crescer e estudar com a sua própria geração e seus pares,e que são pessoas com e sem deficiência. Está comprovado que essas crianças se tornam jovens e adultos com mais ou mesmo plena autonomia e necessitando ou não de apoio, pertencem à sociedade, que por suas vez, com a convivência , aprende também a valorizar e legitimar as diferenças. Mesmo que hajam problemas, pois o sucesso da educação inclusiva depende também do apoio da classe política e da sociedade civil, organizada ou não. Mesmo assim, a política pode ser melhorada onde necessário, mas de forma alguma destruída ou desmoralizada, de modo a passar a idéia de que a segregação é o modelo ideal de convivência e de respeito à pessoa com deficiência, em uma conceituação puramente assistencialista e ultrapassada.
Mas penso que em alguns momentos fica muito difícil discutir sobre diversidade, diferença, identidade quando temos políticos, secretários, entre outros que representam o poder público pensando em desmoralizar um trabalho que visa um avanço para todos, inclusive para pessoas com deficiências. Penso que os ótimos resultados só não bastam, precisamos fortalecer tudo que há de discussão e de trabalho que promove o desenvolvimento sem ter como parâmetro um ideal de ser humano - "homem universal" e os que por suas particularidades não cabem nesta busca de igualdade? olha aí a "cilada da igualdade". Como mudar esta ideologia? Como evitar este discurso das diferenças tendo em vista a igualdade, como evitar esta comparação que diminui os diferentes e supervaloriza os iguais e principalmente os poderosos?

Sistema Educacional Nacional

O texto permite fazer uma ponte com meus estudos sobre educação a distância, que tem, como público alvo, este sujeito pós-moderno que transita com certa familiaridade no espaço virtual e navega pelas “ondas de transformação social” não como sujeito passivo destes espaços, mas como sujeito que habita estes espaços e nele imprime suas digitais.

A maior contribuição do texto, na minha opinião, está no esforço do autor para nos mostrar que “a formação de uma cultura nacional contribuiu para criar padrões de alfabetização universais, generalizou uma única língua vernacular como o meio dominante de comunicação em toda a nação, criou uma cultura homogênea e antevê instituições culturais nacionais, como, por exemplo, um sistema educacional nacional”. Como sabemos, as generalizações não funcionam nos dias atuais.

Os sistemas educacionais nacionais atuam a partir de uma identidade nacional, de uma comunidade construída no plano do pensamento. Seria possível ter um sistema educacional nacional que respeitasse a heterogeneidade dos sujeitos e estivesse voltado para o contexto? De que forma a educação contribui para a formação da identidade do indivíduo e como a escola respeita esta identidade individual que, a cada dia, mais se relaciona com os espaços virtuais e mais se aproxima do global?

É necessária uma reforma nos sistemas educacionais nacionais, como as muitas que já fizeram parte da história. Mas uma reforma fluída, centrada no sujeito aprendiz e nas novas relações que se surgiram com a modernidade.

Cédula de identidade

A cédula de identidade traz nome, sobrenome, filiação, sexo, idade e um número. Assim nos fazemos “presentes” e existimos dentro de nossa organização social. Mas de fato não cabemos na cédula de identidade, somos mais...

Muitos outros elementos compõem nossa identidade. Elementos que vem e vão ao longo de nossa caminhada. Entre esses se encontra o(s) aspecto(s) cultural(ais), “aqueles aspectos que surgem de nosso ‘pertencimento’ a cultura étnicas, raciais, lingüísticas, religiosas e, acima de tudo, nacionais”. E por essa identidade cultural lutamos, vamos à guerra, por ela morremos. Ela garante e justifica a nossa organização social. E talvez por isso haja tanto fervor para que se reconheça os signos de uma nação, para que se aprenda o hino nacional, para que se respeite sua bandeira.

E quando essa identidade cultural entra em crise, entra em crise a maneira como nos organizamos enquanto sociedade. Crises implicam mudanças, novos caminhos, e para caminhos novos não há mapas. Mas talvez ainda possamos contar com as bússolas....

Sujeitos que somos

Sujeito que somos...quem somos? Um a cada lugar ,um a cada instante...Preciso identificar-me. Moro em uma cidade, há 30 anos,relativamente pequena interiorana, e sou conhecida por ser a filha de ou a irmã de ou (agora) a esposa de; atualmente, a pessoa que trabalha com deficientes e que "inventou" essa inclusão nas escolas (como se não houvesse uma janelinha para fora daqui...) Aqui, ainda existem pessoas que se apresentam perguntando a que família você pertence...

Pertencer, ser... a cada nova afirmação um acréscimo ou reformulação do que, de quem somos... Somos quem somos dependendo de onde estamos,com quem e porque estamos... Somos muitos em um só: mulher, mãe, profissional, esposa, política,... Só nunca tinha parado para pensar assim.

E a escola? Ainda vendo os mesmos alunos, com uma única identidade criada e valorizada por eles ( professores de identidades, valores, crenças, preconceitos e conceitos...).Deslocar-se, reestrururar-se a cada momento, a cada tempo em cada espaço.

Sim,escolas! Sim! Novos sujeitos,novas mensagens,novos modelos...os tempos e os espaços são outros e exigem esse movimento!
"O outro"
Eu não sou eu nem sou o outro,
sou qualquer coisa de intermédio:
pilar da ponte de tédio
que vai de mim para o outro.
Mário de Sá Carneiro, Poeta.
Lisboa, Fevereiro de 1914.








Será que está ocorrendo uma Crise com a Identidade Cultural?
O processo de Fragmentação do indivíduo moderno enfatiza o surgimento de novas identidades, sujeitas ao plano da história, da política, da representação e da diferença. A crise cultural  alterou a percepção de como seria concebida a identidade cultural e o processo de globalização mudou a sociedade moderna levando ao deslocamento das estruturas tradicionais da sociedade e ao descentramento dos quadros de referência que ligavam o indivíduo ao seu mundo social e cultural.
A Globalização alterou as noções de tempo e espaço e desalojou o sistema social e as estruturas fixas e possibilitou o surgimento de uma pluralização dos centros de exercício do poder.