Assim que iniciei a leitura do texto "Babilônios Somos" senti-me tomado por uma proposta de leitura voltada para o itinerário mítico e isso me fez lembrar do princípio da incerteza que está presente na noção de complexidade apresentada por Edgar Morin. Ele diz que qualquer problema do homem, do sujeito, só pode ser entendido à medida em que a gente pressupõe os dois itinerários formativos de sujeito: o racional, lógico e o mágico, imaginário, mítico. E é nessa convergência que o sujeito se constrói.
Discorrer sobre babilônios que somos, coloca-nos diante da distinção do estado racional e do estado poético. Racional no sentido de estarmos reproduzindo as regras de cultura. Poético no sentido de libertário e nós tendemos a trabalhá-lo pouco, mesmo porque o sujeito vive muito mais "tranquilo" no racional do que no poético.
Quero dizer que a leitura do texto, nos coloca no estado poético ao nos envolver no mito bíblico de Babel e com facilidade me senti dentro do próprio mito à medida em que me deparava com tantas questões. Fui tomado pela confusão babilônica. Essa confusão vai se configurando conforme Jorge Larrosa e Carlos Skliar vai apresentando outros autores citados e assim se colocam a pensar novas dinâmicas de identidade e liberdade, sempre em relação à condição babilônica.
Na minha compreensão, o sujeito é mutante diante da vida que muda a cada instante. Por isso, o que dizer do outro? Ou, o que dizer de si mesmo? Assim que digo algo, esse sujeito, "o outro" ou "eu mesmo" já mudou. Então, o sujeito não pode ser definido, enquadrado? Se pensarmos quer pode, como definir se, ao terminarmos de interpretar, analisar ou fazer qualquer tipo de apreciação, isso já está desatualizado?
Parece-me que o sujeito é incapturável, ou seja, tudo que se diz a respeito dele, já se torna incompleto. Quando afirmo a diferença, já não é mais como afirmei.
Penso que para mim o texto mostrou a importância de ousar sair das competências disciplinares, de seu domínio, para refletir sobre os problemas do mundo. Penso ser importante ter obsessão pelo erro e pela verdade, porque é isso que a incerteza.
Todos nós que transitamos por aí, saímos de nossas competências disciplinares e nos tornamos incertos na vida, na subjetividade, no conhecimento, na razão, na poesia, no amor.