26 de abr. de 2009

Escolhas

Identidade e diferença, duas faces da mesma moeda. Mas assim como à moeda, de modo geral, visualizamos um lado de cada vez. Ou se é, ou não se é. E quando assim não agimos, somos cobrados a tomar uma posição, a escolher um lado, uma identidade.

E ao sermos cobrados, aprendemos a cobrar. E assim a identidade de cada um é construída por tijolos ali depositados pelas mais diversas pessoas, grupos, etc. Alguns tijolos são aceitos, outros rechaçados, alguns posteriormente substituídos e até mesmo destruídos. Trata-se de uma construção sempre “em obra”.
Compreender os aspectos envolvidos na “determinação” da identidade e da diferença, bem como de como forma interferimos na construção da identidade e da diferença no outro, faz repensar o fazer pedagógico. Sempre seremos influenciados e influenciaremos os outros. Mas ao escolhermos o campo da educação para atuar, o como influenciamos não pode deixar de ser um ato consciente.

Identidade e Diferença

Refletindo sobre o texto Identidade e Diferença os trechos que mais me chamaram a atenção foram... “Além de serem interdependentes, identidade e diferença partilham um importante característica: elas são o resultado de atos de criação lingüística...”
... “A identidade e a diferença têm que ser ativamente produzidas. Elas não são criaturas do mundo natural ou transcendental, mas do mundo cultural e social. Somos nós que as fabricamos, no contexto de relações culturais e sociais.”
Isto nos atenta para a questão da produção e reprodução de identidades (Poder) e diferenças com aspecto negativo. Enquanto educadores como poderemos transformar uma sociedade que promove desigualdade e desrespeita a diferença? Como lidar com esta situação, como criar estratégias que modifiquem o ciclo vicioso que estamos? Continuaremos aceitando o que nos é imposto no nosso convívio social e construção cultural?!
Segue sugestão de imagem para reflexão...
http://www.youtube.com/watch?v=vKqCJtyLKb0&feature=related

Identidade e Diferença




Ao encontrar este texto adaptado de GIRARDET e ROSADO as ilustrações e o texto me remeteram as discussões feitas até aqui nas nossas aulas.

Tal texto traz para discussão a questão da diferença relacionada à genética, que segundo HALL(2006p.63) não pode ser usada para distinguir um povo do outro. “A raça é uma categoria discursiva e não uma categoria biológica. Isto é, ela é a categoria organizadora daquelas formas de falar, daqueles sistemas de representação e praticas sociais (discursos) que utilizam um conjunto frouxo,... como marcas simbólicas, a fim de diferenciar socialmente um grupo de outro.” HALL (2006p. 63)



A reação dos camelos está relacionada às operações de incluir e excluir denominado por Tomaz Tadeu da Silva como umas das formas da afirmação da identidade e da diferença. Para o autor “A identidade e a diferença se traduzem, assim, em declarações sobre quem pertence e sobre quem não pertence sobre quem esta incluído e quem esta excluído. Afirmar a identidade significa demarcar fronteiras significa fazer distinções entre o que fica dentro e o que fica fora.”(Silva, 2000p.82)



Será que estamos agindo como camelos?


Linguagem e Resistência



Tomaz Tadeu da Silva aborda uma importante discussão acerca da linguagem e como está é atrelada a identidade e a diferença. Segundo este autor, a identidade só pode ser compreendida inserida num processo de produção simbólica e discursiva (pág. 80). Reconhecer-se como membro de certa nacionalidade ou até de uma regionalidade só nos é possível se também nos reconheçamos como sujeitos que se apropiam de características culturais e de apropriação dos signos referentes a um país, a um estado, a uma cidade, a uma aldeia...Pensando nestas considerações me remeti a uma situação: sempre fico bastante incomodada quando tenho contato com pessoas de outras nacionalidades, habitantes do Brasil há anos e que ainda não compreendem o meu idioma. Nunca acreditei muito que essas pessoas não falavam a língua portuguesa por não conseguirem aprender...Agora, tendo contato com esta bibliografia sobre identidade, começo a realizar um novo esquema de interpretação de tal fato e questiono: será que a necessidade de negar uma língua (neste caso a língua portuguesa) em um território que não é o seu de nascença é reforçar as suas "raízes", é uma forma de resistência àquilo que lhe foi imposto (tal como o exílio imposto a Buaman, ou a fuga da guerra ou da miséria...)?

Multiplicidade do ser

"Somos dependentes,neste caso, de uma estrutura que balança." (SILVA.p.80). Interessante... a estrutura da linguagem balança, a identidade e a diferença são dependentes desta estrutura, então... são tão instáveis e indeterminadas como ela! E a gente ainda tentando responder, identificar....

Ambas (identidade e diferença) sujeitas a oscilações, a relações, a identificações. Relações de poder , que buscam hierarquizar para tornar normal determinada identidade,"A força homogeinizadora da identidade normal é diretamente proporcional à sua invisibilidade." (p.83). Muito perigoso....

Não sei se consigo acreditar que conseguiremos..."Uma política pedagógica e curricular da identidade e da diferença tem a obrigação de ir além das benevolentes declarações de boa vontade para com a diferença.Ela tem que colocar no seu centro uma teoria que permita não simplesmente reconhecer e celebrar a diferença e a identidade,mas questioná-la" (p.100).

Somos múltiplos, não diversos, somos movimento, não estáticos....talvez isso nos garanta um pouco, nossa Babel...

"Aquilo que sou"... uma ilusão de ótica


O intrigante texto de Tomaz Tadeu da Silva trouxe à recordação as ilusões de ótica. Exatamente aquele estado em que o que se vê não necessariamente condiz à uma 'verdade', ou a uma única possibilidade de se enxergar algo.
Ao passo que assumir uma identidade requer a negação de todas as outras possibilidades, também nossos olhos podem nos enganar ao encontrar apenas uma figura em uma imagem onde outras também se encontram.
Numa ótica ilusória, somos chamados a encontrar uma imagem numa figura distorcida, modificada ou ambígua e, a partir da classificação, organização e eliminação de elementos encontrados chegamos a um resultado.
Dessa forma, esse também é o caminho traçado na construção de uma identidade. Se “sou mulher” então não “sou homem”. Se sou “canhoto” não posso ser “destro” e assim por diante. Nisso possibilidades são negadas e, mais além, são vistas sob uma ótica binária onde se a escolha do “direito” é positiva, significa que o “esquerdo” é negativo, nessa visão limitada de relações de oposição.
Assim, as observações de questões subjetivas sob um prisma objetivo requer que possibilidades diferentes sejam consideradas e utilizadas. Tais possibilidades consistem em conceber objetividade e subjetividade como elementos complementares antes de serem elementos opostos.
E então, o que se vê nessas imagens?

Pedagogia da diferença

Em certo sentido, ''pedagogia '' significa precisamente ''diferença'' : educar significa introduzir a cunha da diferença em um mundo que sem ela se limitaria a reproduzir o mesmo e o idêntico, um mundo parado, um mundo morto.(Tomaz Tadeu Silva).


Cabe a nós, educadores, a reflexão : o que estamos fazendo para ir além da benevolencia e tolerancia? Que atitudes nos cabem para abrir as portas para a verdadeira pedagogia da diferença? Como agir e educar na multiplicidade?


Sair da mesmidade, estimular o arriscado, o inexplorado, romper as fronteiras, favorecer toda a experimentação que torne dificil o retorno do eu e do nós ao idêntico,(Tomaz Tadeu Silva).

Viver babelicamente....