22 de jul. de 2009

Subjetividade

No mês de maio nos aproximamos mais especificamente do estudo sobre a subjetividade, e o primeiro grande ganho para mim foi retomar que a relação com o outro não é suficiente para conhecê-lo, e, que são nas fissuras onde nos conhecemos mesmo, ou seja, não há possibilidade de conhecer quando insisto em ver no outro o que eu estou querendo. Toda vez que determino um ideal, não dou espaço para o devir do outro.
Muitas vezes, antes de qualquer coisa, determino conteúdos, contando com sujeitos estáticos. Mesmo que a meu ver eles se comportem como tal, não devo tratá-los assim, senão estarei caindo na prisão de mim mesmo, e o pior, aprisionando o outro, não considerando a sua liberdade.
No caso da Escola, por exemplo, determinar conteúdo pode significar não querer assumir riscos, desafios. O novo que pode partir do aluno, por desafiar o professor, é visto como ameaçador e, portanto deve ser evitado. É a concepção de que nós ensinamos e eles aprendem. Não podemos deixar de lutar contra essa concepção.
Os textos “O outro hoje: uma ausência permanentemente presente” e “El sujeto enunciado”, colocaram questionamentos profundos na minha prática, no sentido de propor que se estabeleça uma relação entre eu e o sujeito, sem que eu o submeta ao que proponho como pré-estabelecido e também sem que ele me submeta.
Dei-me conta que viver a subjetividade é estar sempre mais longe do que as nossas tentativas permitem atingir.
Tenho aprendido a não cair na fragmentação, sobretudo porque às vezes me pego querendo soluções imediatas para os problemas e dificuldades e, mesmo que aparentemente as encontre, percebo logo depois que foi uma atitude superficial e momentânea.
Para viver a subjetividade é preciso estar sempre a caminho, pronto para mudar, não querendo só atingir o “novo”, mas também considerando o que me levou a atingi-lo e, sobretudo estar preparado para deixá-lo mudar se assim for necessário. Isso exige um desprendimento muito grande!
Se quero seguir esse caminho, tenho que me policiar para não cair na cilada da universalização de tudo, da caracterização das coisas, práticas comuns na Escola hoje!
Gosto do conceito trabalhado no mês de maio de que um caminho é reconhecer para nós mesmos que a Escola é de ninguém, porque não se pode contê-la, capturá-la. Trata-se de aprender a pensar e a viver com o outro; estar com todos; deixar que as pessoas usem a liberdade e expressem sentimentos sem os limites impostos por um ponto de vista.
Caso contrário a Escola continuará sendo um lugar de submissão, à medida que produz idéias falsas, ou seja, sempre pré-determinadas. Isso me lembra um pensamento que ainda é usado para com os jovens: “vocês precisam estudar, tirar notas boas, para terem uma profissão, para arrumarem um bom emprego e ser alguém na vida”. Uma só questão, e talvez a mais simplista, derrubaria tudo isso: que garantia de emprego existe para quem estuda?
O fato é que estamos diante de uma tarefa árdua e não podemos desistir. Também isso, pudemos experimentar ao produzirmos o texto coletivo sobre o texto “Del Sujeto a la Subjetividad”. Uma experiência com a qual pude aprender muito, primeiramente que é preciso aceitar o diferente e por isso nem sempre o caminho é buscar o consenso, segundo, aquilo que fazemos não vai representar o pensamento de todos, pode haver posições contrárias e isso é bom, e, sobretudo, não se faz um trabalho para agradar, mas para demonstrar a nossa maneira de viver tal realidade.

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